sábado, 4 de junho de 2011

Você está pronto para casar?

Embora desejem casar, a dedicação ao trabalho e muitos compromissos da vida moderna têm feito algumas pessoas optarem por ficar sozinhas em vez de engatar um relacionamento


Muitas pessoas dizem que gostariam de casar. Mas, entre a vontade e a ação há um longo caminho. Visando mais a carreira, homens e mulheres têm deixado o casamento para depois, só que muitos, mesmo estruturados profissionalmente, ainda que sintam vontade de formar família, param diante de um obstáculo chamado falta de tempo.
A designer Marcela, de 38 anos, que prefere não revelar o sobrenome, enfrenta este dilema. Separada e mãe de uma menina de 8 anos, ela diz que apesar de sentir falta de ter um companheiro, ainda não está preparada para o casamento. “Não é nenhuma questão emocional. O problema é que trabalho muito, tenho filha (de casamento anterior), reunião de escola, vários afazeres além do trabalho e não tenho tempo para me dedicar a um relacionamento.” Mais fácil conviver com a solidão, segundo ela, do que casar e não ter tempo para se dedicar à filha e ao marido.
O jornalista Marcos, de 40 anos, que também prefere não revelar o sobrenome, vive o mesmo drama. Separado e com um filho, ele diz que sonha se casar, mas que a dedicação ao trabalho o tem consumido. “Tentei engatar alguns relacionamentos, mas viajo bastante e quando consigo folga, preciso me dedicar ao meu filho.” Com a agenda lotada, ele diz que suas ex-namoradas não entendiam o trabalho aos finais de semana. “Trabalho muitas vezes nos finais de semana e já tive namoradas que não entendiam que não podia sair com ela. A agenda não bate, então, por enquanto, prefiro ficar sozinho a me estressar num relacionamento”, ressalta.
Ficar estressado num relacionamento? Pois é, Marcos relata que já foi casado por 10 anos e por muitas vezes ficou de fora de festinhas de família, por exemplo, pois a agenda profissional nem sempre estava livre. “Minha ex-mulher cobrava muito. Mas, por outro lado, ela também não tinha tempo quando eu estava de folga e criou um estresse em nossa relação. Esses desencontros são um mal da vida moderna”, reflete.
Sem tempo para um relacionamento
Assim como esses dois personagens acima, há muitas pessoas que, embora confessem que sentem falta de um amor, que querem se casar, não estão prontos para o tão desejado sim. A estudante de publicidade Flávia Fernandes, de 28 anos, é uma delas. Separada e sem filhos se divide entre trabalho e faculdade. “Me casei muito cedo e meu casamento não deu certo. Quero me casar de novo, mas não dá para levar adiante um relacionamento no momento. Trabalho, faço faculdade, cursos de inglês nos finais de semana. Já tentei namorar um rapaz, mas o relacionamento durou pouco, pois vinham as cobranças de que eu não tinha tempo. Eu tentava adequar o namoro a minha vida, só que não deu. Mas, eu tenho um objetivo de crescer profissionalmente, então, não seria justo ter um namorado agora. Assim que acabar a faculdade, espero encontrar uma pessoa muito legal e me casar”, afirma Flávia. Por muitas vezes, ao ser questionada por que não namorava, Flávia dizia que não havia encontrado a pessoa ideal. “Na verdade, essa é uma desculpa que, assim como eu, muitas pessoas usam. Eu estou pensando mesmo é na minha vida profissional agora.”
O que deve ser avaliado antes de subir ao altar
Antes do casamento é preciso observar alguns pontos. “Abrir mão de algumas coisas faz parte do contexto natural de casar, não é nada extraordinário, constitui o acordo mútuo inconsciente do casal, onde certas normas e regras são previamente estipuladas”, diz o psicólogo Alexandre Bez, especialista em relacionamentos.
Ele aconselha que se a pessoa não tem certeza de que está pronta para se casar, é melhor ficar solteira. “Na dúvida, é melhor não casar. Não dá para assumir um compromisso e tentar levar uma vida de solteiro”, ressalta.
Muitas pessoas querem ver apenas o seu lado, mas o casal tem que abdicar de algumas coisas para que o relacionamento flua. “O casamento é constituído por afinidades, carinho, companheirismo e cumplicidade, envolvendo a troca de confidências, sendo elas positivas, negativas ou em muitas vezes buscando o auxílio de alguma dúvida. É uma via de mão dupla. Ambos têm que estar conscientes de que é preciso abrir mão de algumas coisas para que o relacionamento dê certo. O que vejo por aí é muita gente dizendo que não encontra a pessoa ideal, quando, na verdade, não quer se dedicar a um relacionamento”, finaliza o psicólogo.

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